Cocktails & Mistura Fina
continua a dar evidência aos profissionais de bar, que, pelas suas capacidades
pessoais e profissionais contribuem para dignificar a profissão de Bartender.
Espero continuar a caminhada na divulgação de temas de interesse que permitam a
valorização pessoal, cultural e profissional dos amantes desta linda profissão,
estar atento e sempre que possível divulgar o que de melhor se faz em Portugal
e além-fronteiras em prol do Bartending.
Tenho vindo a observar o que
vai acontecendo no mundo da Mixologia e outras vertentes do mundo do bar em
Portugal e além-fronteiras, enriquecendo os meus conhecimentos, à descoberta de
profissionais de Bar que de uma forma ou outra têm despertado a minha atenção,
pela sua criatividade, notas grande profissionalismo, vontade de partilhar os
seus conhecimentos, saberes acerca do vasto mundo das bebidas simples e
compostas “Os Cocktails”.
O
eleito do Cocktails & Mistura Fina na rubrica com… é Rafael Mariachi, Mixologista
no Grupo São Bento de Gastronomia e Chefe de Bar do Anexo SB, em São Paulo,
Brasil.
Iniciou a sua actividade na
área de hotelaria, Bar, no ano de 2000
no Renaissance Hotel, São Paulo, Brasil,
tendo passado por várias entidades durante o seu percurso profissional. Um amante
do mundo do bar e estudioso da arte de criar os seus próprios xaropes, bitters e
infusões o que faz com mestria.
Atento às novas tendências,
sempre disponível para desenvolver os seus conhecimentos nas mais diversas
vertentes, participando em diversos workshops, palestras, concursos, com
objectivo de adquirir mais conhecimentos e competências, assim como, a sua
valorização pessoal e profissional, bem como, desenvolver o seu trabalho focado
na qualidade de serviços e satisfação do cliente.
Rafael
Mariachi é um formador de novos talentos no mundo do bar, recentemente
percorreu várias cidades brasileiras com o seu Workshop Produção de Ingredientes dotando os Bartenders de conhecimentos e técnicas na arte de
preparar seus próprios xaropes, bitters e infusões, bem como, servir as
bebidas simples ou compostas com assinalável
êxito.
Rafael
Mariachi é sem dúvida um privilégio para Cocktails & Mistura Fina ter na sua Rubrica Com… O Mixologista
no Grupo São Bento de Gastronomia e Chefe de Bar do Anexo SB, em São Paulo,
Brasil que muito tem contribuído para a evolução do bar no Brasil, bem como, tem dignificado a profissão.
Muito obrigado por aceitares partilhar momentos da tua vida com os seguidores
deste Blogue.
O texto nesta Rubrica grande parte está em Português do Brasil.
Qual
o teu local de trabalho?
Sou Mixologista no Grupo São Bento de Gastronomia e chefe de bar do Anexo
SB, projeto de coquetéis deste grupo. No próximo ano teremos mais dois estabelecimentos voltados somente
para coquetéis.
Quais
as funções que desempenha?
Funções...rs.
Sou chefe de bar e gerente do Anexo SB aonde fixo um trabalho
diário. Lá me envolvo também em compras,
marketing digital, visual e relações públicas. Nos outros estabelecimentos
do grupo fico responsável por treinamento
de brigada, manutenção e assessoria de cardápios de coquetéis.
Desde
Quando?
Comecei este projeto em Maio deste ano.
Durante
a tua actividade profissional em que outros locais desenvolveste o teu trabalho
e qual a função que desempenhas-te?
Tem locais que nem lembro se
trabalhei ou não Francisco. Mas já trabalhei em clubs, bares, restaurantes, hotéis, prostíbulos, casinos, cruzeiros.
Passei por várias situações para saber lidar com qualquer percalço sempre
envolvido no bar.
Os locais que talvez tenham
sido mais marcantes e determinantes para a minha carreira foi o meu primeiro estágio no Renaissance Hotel
no começo de 2000, PJ Clarke’s como
chefe de bar de 2008 a 2011, Drink
Lab com Marco De la Roche de 2011 a 2012 e agora no Grupo São Bento, local
aonde tenho reconhecimento pleno de
meu trabalho.
Qual
a tua formação a nível de bar?
Quando me formei, um curso
era cópia do outro. A internet engatinhava e não se tinha tanta facilidade para
buscar informações. Todos os cursos eram feitos em cima do mesmo livro então
minha formação foi básica e suada. Pra chegar no nível que estamos hoje, eu, e toda a minha geração tivemos que suar
a camisa, gastar muito dinheiro com publicações estrangeiras, muitas vezes
pagar para alguém fazer a tradução de um livro e assim conseguir juntar peças.
Hoje a coisa mudou um pouco.
O mercado é super aberto na internet e
informações são gratuitas. É só ter a preocupação de estudar. Só não
consegue se aprimorar quem tem preguiça. Quanto aos cursos de hoje aqui no
Brasil, talvez o mais completo seja o da escola
Pro Drinks do Zeca Meirelles que é um gastrônomo entusiasta da mixologia.
Como
vês a presença dos Bartenders Portugueses pelo mundo?
Pedro Paulo, do One Aldwych
Hotel, Londres e Francisco Guerreiro
Sendo sincero, acompanho
alguns nomes e as maiores referências que tenho da coquetelaria portuguesa é através de seu trabalho.
Mas acompanho alguns grandes bartenders
como Pedro Paulo do One Aldwych Hotel, em Londres, João Eusébio da Magatzem
Escolà, em Barcelona e Bruno Santos do The Westin Resort, em Macau que realizam ótimos trabalhos.
Mas puxando o saco descaradamente, acho que o grande bartender ou representante da categoria em Portugal chama-se
Francisco Guerreiro. Você mostrou para o mundo que o fato de ter rodado uma
longa estrada na carreira, não lhe
impediu de buscar coisas novas, se atualizar e renovar a coquetelaria dentro da associação, coisa que aqui no Brasil é antiquada e que a cada dia
perde mais credibilidade.
João Eusébio, Magatzem
Escolà, Barcelona.
Bruno Santos, The Westin Resort, Macau.
Qual
opinião sobre a profissão de Barman/Barmaid/Bartender?
Eu estava começando a
faculdade quando decidi ser bartender e sempre me questionaram o motivo de me formar e seguir uma carreira tão simples.
Eu sempre gostei de pessoas, sempre quis fazer algo aonde fizesse as pessoas
sorrirem ou terem um minuto de entrega,
de paz. Para mim isso me levou a ser bartender, sem contar que a cada dia
você emprega uma profissão diferente.
Hoje sou amigo dos meus clientes, coisa que dificilmente um advogado, um médico ou um engenheiro será.
Acredito isso ser valioso. Eu ganho dinheiro com o que me dá prazer! Isso vale mais que poder, dinheiro ou fama. Independente dos
problemas pessoais, sou um homem realizado e vivo sorrindo por conta disso.
Qual
opinião sobre a vertente da Mixologia?
Para mim é um cargo. Assim como o escritor e o jornalista. Os dois
escrevem, mas não significa que um seja melhor do que o outro por conta de um
termo. Odeio o termo mixologista como
uma grife. Isso é ridículo. Um bartender pode ter mais conhecimento e ganhar mais
que um mixologista e o mixologista pode ser bem melhor atrás do balcão que um
bartender. Para mim a diferença é a forma como atuam.
Diz
algo sobre a vertente do Flair Bartending?
Gosto muito. Mas sou
desastrado demais pra dizer que faço algo....rs. Acho que o entretenimento faz parte da profissão e cada um tem o direito de
escolher que tipo de interação fará. Acho besteira julgar o flair bartender
por conta de nível de coquetelaria. Hoje em apresentações em vídeos ou
campeonatos, todos usam pequenas técnicas de flair em seu mise-en-scéne. Passar a garrafa por cima da cabeça, girar
o jigger entre os dedos, rodar a bailarina – isso tudo é flair.
Como
foi a experiência de participar nos Concursos de Cocktails. Quais e que
classificações conquistaste?
Eu tremi em todos. Sério.
Não importa o tempo de trabalho, sempre bate um nervosismo enorme. Mas eu
gosto. A disputa, o desafio, faz você ter um motivo pra melhorar. Hoje o Brasil tem campeonatos de níveis
altíssimos e jovens bartenders que estão acabando com as noites de sono de
bartenders mais rodados como eu....rs.
Disputei o Bols
Around the World três vezes. Na primeira vez em 2010 o
campeonato era aberto para toda a América Latina em uma etapa só. Fiquei em 15º
entre 450 competidores do continente. Neste ano meu compatriota Luís Cláudio Simões ganhou a etapa e ficou em terceiro
lugar na final em Amsterdão. Depois ganhei o campeonato nacional em 2012 e 2013 e, segundo a
pontuação, fiquei em segundo no continente nas duas oportunidades perdendo a
vaga para a final. Disputei aqui no
Brasil o Mojito Masters da Bacardi aonde fui Vice-campeão. Para não dizer
que só tive bons resultados, no ano passado disputei o Grey Goose Viv la Revolution a onde fiquei em último por estourar
o tempo. O pior é que o coquetel era ótimo, a ideia era ótima mas o bartender
nem tanto...rs. Temos que falar dos percalços também não é mesmo?
Rafael
Mariachi qual o teu "Cocktail" clássico preferido?
Com certeza o Manhattan, mas gosto de fazer dezenas
de variações do coquetel. Existe uma cachaça de uma marca tradicional e popular
no Brasil que chama-se Ypióca. Eles
fizeram uma edição com malte de whisky chamada Ypióca 160. Adoro fazer com ela. Mas minha variação favorita é o Cuban Manhattan, feito com Rum da Martinica e Carpano
Antica Formula. Gosto de jogar um spray de Grand Marnier por cima também para
trabalhar a aromatização do coquetel.
Qual
a composição de bar que mais gosta de preparar?
Qualquer coquetel mexido me
dá muito prazer de fazer. É uma cena introspectiva que requer elegância,
postura e muita técnica para preparar. Na
minha opinião, das técnicas de bar é a mais complicada de executar, pois a
temperatura deve estar perfeita, o gelo perfeito e o líquido cristalino. E
nem sempre se vê isso por aí.
Cocktails
& Mistura Fina gostava que partilhasses as receitas de 3
"Cocktails" da tua autoria com os nossos seguidores e amantes dos
Cocktails. Com receita, método de preparação, decoração e como servir.
É
com todo o prazer que partilho com os seguidores do Blogue Cocktails &
Mistura Fina os seguintes “ Cocktails”. Espero que gostem…
Gosto muito de preparar um
coquetel do meu cardápio chamado “Oak Infused Zacapa”. Pela ideia da lembrança
remota do contato da madeira com o destilado na hora de seu nascimento.
Oak Infused Zacapa By Rafael
Mariachi
Ingredientes:
50 ml de Rum Zacapa 23
30 ml de suco de limão
tahiti
20 ml de maple syrup 100%
maple
10 gr. de chips de carvalho
francês
15 ml de clara de ovo
Açúcar mascavo na borda
Método
de preparação: Em uma taça coupê, com a ajuda de um pincel,
passe o maple na borda do copo formando uma linha de 1 cm. Passe essa parte do
copo no açúcar mascavo até cobrir o maple. Coloque gelo na taça e resfrie-a.
Toste os chips de carvalho
francês com a ajuda de um maçarico. Coloque-os dentro de um sifão NO2 de 250 ml
e adicione o rum, o limão e o maple. Pressurize os ingredientes e mexa por
cerca de 20 segundos. Retire todo o gás do sifão com o bico virado para cima e
depois de tudo eliminado abra o sifão com cuidado.
Coe a solução para uma
coqueteleira, adicione a clara de ovo, gelo e bata a bebida usando uma direção
reta no movimento para que o líquido rode dentro da coqueteleira e não fique
batendo nas paredes. Retire o gelo e o excesso de líquido da taça e sirva o
coquetel com coagem dupla. Adicione gotas de Angostura para decorar.
Caju
Amigo Hi-Tech By
Rafael Mariachi
Ingredientes:
40 ml de cachaça
50 ml de cajuína orgânica
(suco de caju clarificado)
10 ml de creme de cacau
Espuma de caju
Pitada de flor de sal
Castanha de caju
Para
a espuma:
Método
de preparação: Bata com um mixer de mão 400 ml de suco de
caju, 2 gramas de Goma Xantana e 10 ml de clara de ovo. Em um sifão NO2 de 500
ml coloque a mistura feita e pressione com duas cápsulas. Misture bem a solução
e deixe na geladeira por alguns instantes.
Para
o coquetel:
Método
de preparação: Em uma coqueteleira com gelo, coloque a
cachaça, a cajuína e o creme de cacau e bata vigorosamente. Sirva em uma taça
coupe previamente gelada. Coloque a espuma de caju por cima e depois a pitada
de flor de sal. Decore com uma castanha de caju na borda do copo.
“O Guarani” by Rafael Mariachi, Bols
Around the World 2013.
My ancestors are iconic
inspiration enough. “O Guarani” is a cocktail in honor of the best known South
American Indian and this is an attempt to rescue the folk culture of my
country, emphasizing in our spirit and involving typical flavors of the country
where everything you plant, is harvested.
O
GUARANI By Rafael Mariachi
Ingredients:
70 ml Cachaça with Vanilla Bean
Infusion
30 ml Bols Cacao Brown
50 ml Kaki chocolate Puree
(Chocolate Persimmon)
10 ml Lemon Juice
Garnish: Lemon peel, Gooseberry.
Method:
In a shaker with ice, add Cachaça
with vanilla infused, Bols Cacao Brown, kaki chocolate puree, lemon juice and
shake. In a opened coconut with ice, strain the cocktail. Put the garnish and
be happy!
Qual
a tua bebida preferida?
Não dá para falar que não
gosto da cachaça. Abrir uma garrafa é ver um filme da história do meu país
passar na cabeça. Mas minha grande paixão são puro maltes, em especial os de Islay.
Qual
o Barman que mais admira? Ou que serve como referência?
Matheus Cunha
Complicado dizer um só. Aqui
no Brasil têm 3 caras que admiro muito. O primeiro tem uma história muito parecida comigo que é o Matheus Cunha. Temos o
mesmo tempo de carreira, ficamos muito tempo na sombra dos outros e tivemos a
oportunidade de aparecer depois de muita batalha. Hoje vendo ele se destacar
atrás do balcão e em campeonatos é muito inspirador para mim. O segundo é um
mineiro que há muito tempo é o maior mixologista do Brasil e um dos melhores do
mundo, porém foi reconhecido pelo bartender brasileiro há pouco tempo que é o Tony Harion. Impressionante a capacidade de
informação, conhecimento e técnica que esse grande profissional tem. Para
mim demorou para o Brasil conhecer esse talento.
Tony Harion.
O terceiro, mostra para o
mercado que só correr atrás de novas técnicas, comprar milhares de livros, não
adianta. A base da nossa profissão é hospitalidade. É tudo sobre pessoas. E
disso o Mestre Derivan conhece mais
do que ninguém, o que lhe permite ser
destaque entre os jovens talentos mesmo depois de tanto tempo na estrada.
Sem contar que ele é história viva.
Kascao Oliveira e Mestre Derivan Souza
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