terça-feira, 20 de dezembro de 2011

1º FESTIVAL DE COCKTAILS VIAGENS E SABORES, BY ASSOCIAÇÃO BARMEN BARLAVENTO ARADE



VIAGENS E SABORES POR NUNO CAMPOS INÁCIO, ESCRITOR E INVESTIGADOR DA HISTÓRIA LOCAL:



Manuel Teixeira Gomes nasceu nesta casa, onde nos encontramos, no dia 27 de Maio de 1860. Negociante, escritor, político, viajante portimonense; uma das mais gradas figuras históricas da cidade, é, ele mesmo, o resultado de um conjunto de culturas, de viagens, de recordações de sabores, como qualquer homem.

Manuel Teixeira Gomes era natural desta cidade de Portimão, desta região do Algarve, a mesma que foi sendo ocupada por diversos povos ao longo da história. Povos de viajantes, que trouxeram e levaram sabores, ao longo das suas viagens. Se os Fenícios trouxeram as tamareiras e as palmeiras, levaram o garum; se da Palestina trouxeram as cabras domesticadas (de que tiram o leite e fazem o queijo) e as romaneiras, levaram o sal e o azeite. Os Celtas trouxeram as nogueiras e os pinheiros. Os romanos, se trouxeram muitas culturas, aqui experimentaram a água termal das Caldas de Monchique, a mesma que trouxe ao Algarve e a Portimão o rei D. João II. Com a ocupação Árabe vieram as laranjeiras, os limoeiros, as amendoeiras e as figueiras, cujo comércio proporcionou a riqueza de Manuel Teixeira Gomes. Não será pela origem árabe desses produtos que, Manuel Teixeira Gomes escolheu o norte de África para terra da sua primeira sepultura, mas não deixa de ser curiosa a união entre o fim do homem e a origem do produto que permitiu a manutenção da sua vida boémia e faustosa.

Mas a ligação do Algarve ao mundo não se limitou à antiguidade. Na Idade Média, daqui partiram as caravelas que trouxeram novos mundos ao Mundo; que abriram novos destinos de viagem, de onde trouxeram novos sabores. Desta terra eram os primeiros navegadores, que levaram o vinho e a cerveja para o Novo Mundo e de lá trouxeram o milho e a batata. Aqui teve origem a epopeia que possibilitou a descoberta do café, do cacau, da cana do açúcar, da banana, do ananás e dos mais variados chás e especiarias.

Seguindo as genealogias, conseguimos saber que, de Portimão, desta cidade natal de Manuel Teixeira Gomes, saíram homens para o Brasil, - entre eles o ascendente de Carlos Drummond de Andrade -, para a Venezuela – entre eles o ascendente português de Simão Bolivar -, para o Perú, Austrália, Estados Unidos, Canadá, toda a Europa do Norte e Mediterrânica, para todos os países de África, para todos os países da Ásia e para o subcontinente australiano. Em todo o mundo há portimonenses e descendentes de portimonenses, viajantes, que, como Manuel Teixeira Gomes, levam a lembrança de sabores.

No entanto, Portimão não é só uma terra exportadora de gente, também é importadora de viajantes, detentores de sabores próprios, que se dispõem a partilhar. Do norte de Portugal, vieram famílias inteiras, trazendo na bagagem o vinho do porto, o bagaço, o brandy ou a aguardente de zimbro; de Setúbal, vieram pescadores, mas guarnecidos com o seu moscatel; de França vieram mercadores transportando champanhe, cognac e armagnac; de Itália a família Júdice e o célebre vermut; da Alemanha vieram as famílias Biker e os Weinholtz, conhecedores dos sabores da cerveja, da vodka e do gin; do Reino Unido vieram ingleses, escoceses e o whisky; no porto de Portimão aportaram, ao longo de vários séculos, barcos de piratas, que, não sendo das Caraíbas, dificilmente trariam rum.

Já no Século XIX, aproveitando a revolução industrial, instalaram-se em Portimão vários industriais. Os Bordas, espanhóis, dedicaram-se à moldagem de rolhas de cortiça, usadas no engarrafamento das mais variadas bebidas; os Feu, igualmente espanhóis, seguiram o exemplo de outros portugueses e portimonenses, na indústria conserveira, que alimentou milhões de pessoas por todo o mundo. Nesse período estabeleceu-se em Monchique a família Callapez, que implementou a produção de mel nessa região que, misturado com o tradicional medronho, originou a celebre melosa. Outra indústria, desenvolvida nessa época por portimonenses, entre os quais a família de Manuel Teixeira Gomes, era a dos fumeiros.

O espírito viajante de Manuel Teixeira Gomes poderia ser herdado pelo pai, negociante de frutos secos que, em meados do Século XIX já viajava pela Europa divulgando tais produtos. A qualidade da sua produção valeu-lhe uma medalha na Exposição Internacional de Londres, em 1851 e outra na Exposição Internacional de Paris, em 1855. Deste modo, enquanto viajava, José Libânio Gomes divulgava sabores.

Mas também poderia vir do seu avô, um militar de carreira, também ele portimonense, que combateu em França sob ordens do General Junot, tendo falecido na prisão do limoeiro.

Certo é que, sempre saudoso da sua terra natal, ao longo das suas viagens Manuel Teixeira Gomes recordaria os sabores do Algarve, comparando-os com os sabores típicos de outras cidades, de França, Itália, Espanha, Grécia, Holanda, ou do Norte de África.

Para morrer, Manuel Teixeira Gomes escolheu a cidade que achava mais parecida com Portimão, a cidade Bougie, seu leito de morte, em 1941. Quantas vezes, sentado na varanda do seu hotel, terá sentido, sem o sentir, o sabor do figo e da amêndoa, do vinho e do medronho, da água termal ou do absinto dos escritores mais boémios?

Talvez tenha sentido estes, mas não outros, que surgiram posteriormente. Só no Século XX apareceu a amarguinha e o brandymel, a aguardente de figo e de alfarroba. Durante a sua vida boémia, certamente diferente da actualidade, não terá saboreado a cachaça, a aguardante de cana, a tequila, o licor beirão, o bailey’s, o anis, o galliano, o grand marnier, a sambuca, ou o Malibu. Não bebeu Aleluia, Sol Nascente, Pink Butterfly, Bailarica, Halley, Cosy Cosy, Ki Bom, Portimão, Praia da Rocha, True Love, Blue Fantasy, Honey Surfer’s, Now or Never, Rita Especial, ou Take Me, pois, apesar de serem composições de barmans algarvios, não existiam no seu tempo.

Manuel Teixeira Gomes, como toda a gente, viveu o seu tempo; viajou no seu tempo e saboreou os sabores do seu tempo. Hoje, aqui, na casa onde ele nasceu, aproveitando o intercâmbio cultural e económico muito mais rápido, que este início do Século XXI permite, assistiremos à preparação de novos sabores, resultado de grandes viagens realizadas pelos produtos que os compõem. O mundo transformou-se num quintal, onde se encontram as bebidas de todo o mundo, ao lado daquelas que nos são típicas e tradicionais, como se todas fossem nossas. Hoje, abre-se a possibilidade de viajar pelo mundo dos sabores, sem sairmos do mesmo espaço.

Certamente, Manuel Teixeira Gomes teria gostado…



A cidade de Portimão recebeu o 1º Festival de Cocktails Viagens e Sabores, uma iniciativa da Associação Barmen Barlavento Arade, que levou a efeito no passado dia 10 de Dezembro de 2011, na Casa Manuel Teixeira Gomes, o 1º Festival de Cocktails Viagens e Sabores, o primeiro concurso do género em Portugal, onde, de forma inovadora, todos os concorrentes tiveram que juntar ao Cocktail o “Pairing”


Participaram no evento 80 profissionais de Hotelaria de reconhecido mérito, entre a organização, concorrentes e Júris, o qual esteve inserido nas comemorações dos 87 anos da cidade de Portimão.




No Festival de Cocktails, participaram o top dos Barmen Nacional, visando proporcionar a valorização pessoal, cultural e profissional dos participantes, bem como, desenvolver novas técnicas de preparação das composições de Bar “Cocktails”, permitindo também troca de conhecimentos e saberes acerca do Bartending, assim como, possibilitou aos Barmen dar largas à sua criatividade na elaboração de “CocktailsPairing”, tendo os mesmos presenteado os Júris e o público em geral com qualidade, diversidade e muito profissionalismo.



Outro dos objectivos do 1º Festival de Cocktails Viagens e Sabores, foi dar a conhecer produtos de qualidade, promover as Entidades, produtos e marcas patrocinadoras e colaborar na implementação de um serviço de qualidade e excelência, fidelizando o cliente e aumentando o volume de negócio.



O 1º Festival de Cocktails Viagens e Sabores, contou com o apoio da Câmara Municipal de Portimão, Junta de Freguesia de Portimão, Casa Manuel Teixeira Gomes e com o patrocínio da Barndymel, Licor de Portimão, tendo todos os participantes utilizado nos seus “Cocktails”, bem como, da Bacardi – Martini Portugal, da Monin, dos Cafés Delta, da Escola Cocktail Team, do Innside Caffé Cocktail Bar, Carvoeiro e do Absolutely Cocktail Lounge Bar, praia da Rocha, sem os quais não teria sido possível levar a efeito com assinalável êxito.



1º Festival de Cocktails Viagens e Sabores / ABBA

Classificação:

José Guerreiro - Yellow Alvor Garden.


1º Classificado
Nome da composição: "El Presidente"

Ingredientes:

2.0cl LICOR BRANDYMEL
2.5cl Bacardi Gold - Bacardi/Martini
2.0cl Licor Chambord1.0cl Xarope de Orgeat - Monin1.
5cl Puré de Framboesas - Continente
2.0cl Sumo natural de Ananás - Compal Fresh
1 un. Mel em favo – Supermercados Apolónia

Preparado no Shaker. Serve-se em taça dupla.

Decoração: Nabo, Cenoura, Beterraba, Fios de Ovos, Tomilho Limão, Ananás (folha).


DESCRIÇÃO DO PAIRING DA COMPOSIÇÃO (COCKTAIL)

2un. Queijo de Figo (Bolas) Flambeadas em Bacardi Gold e Açúcar de Rosas
2un. Framboesas (frescas)•
5un. Caviar Toranja Rosa (esferificação)
1 Fio de Follie de Frutos Vermelhos/Bosque
1un Ramo de Tomilho (fresco)
1un Mel em Favo (slice)
2un. Folhas de Hortelã (frescas)


André Costa - Absolutely Cocktail Lounge Bar


2º Classificado
Nome da Composição: Portus Magnus

Ingredientes:

3cl LICOR BRANDYMEL
2cl Licor de canela Regionalarte
1Bsp Doce de figo
1 1/2 Scoop Gelado de Noz
1 Casca de laranja (Flamed orange zest)

Preparado no Blender. Serve-se na Taça Martini.



DESCRIÇÃO DO PAIRING DA COMPOSIÇÃO (COCKTAIL) / ABBA

Q.b mel
4 Figos secos
Q.b Queijo Camembert
Q.b Nozes
Q.b Grand Marnier
Q.b Canela

Colocar as nozes, queijo e figo sobre o mel e flambear com Grand Marnier e canela.
A decoração apresentada num no cesto


Tiago Laginha - Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão


3º Classificado
Nome da composição: Paty Love

Ingredientes:

2 cls LICOR BRANDYMEL
4 cls Vodka Grey Goose – Bacardi Martini - Portugal
1 cls Puré de Manga Monin
1 cls Licor de Limão Regionalarte
Preencher com Orange Cream Tea Ronnefeldt.


Preparado no Boston Shaker. Serve-se no Bier - Willsberger Collection - Spiegelau (Capacidade máx. 35 cls)
Decoração: Fafe de Mel; Algodão Doce;


DESCRIÇÃO DO PAIRING DA COMPOSIÇÃO (COCKTAIL)

1 Clara de Ovo em Espuma
Q./B. Ovas de Truta (Caviar) por cima da espuma.
1 Pezinho de Hortelã - menta.
Q./B. Algodão Doce


Sem comentários: